segunda-feira, 2 de abril de 2007

Penumbra ( o traço longo )

As nossas palavras perderam-se.
Fomos onde a noite se perde,
aos pontos de encontro de amantes
mórbidos e sinistros
e não sentimos nada.
Na nossa sala de estar, no nosso
profundo recanto cerebral,
temos lutas a perder,
os olhares indescritíveis dos rebentos
que por desejos deturpados,
focam o olhar no nosso viver.
Sente o frio harmonioso
que pela pele se propaga,
que com a luz do dia explode.
E tudo toma o seu estado sobrenatural,
o estático, com o olhar preso
às tuas expressões teatrais.
Fechas os olhos e passas então
as mãos pela angélica face,
para destruir as gotas de suor que te
dão o mais falso retrato de ti.
Sorri o meu eu, nas profundas entranhas
do meu ser pelo que sei, que nas gotas
de cansaço só vês o motivo para regressar
amanhã.
Quero ver por mim mesmo,
todo o mundo a mudar,
a madrugada do horizonte,
o acordar dos céus,
e quero-te no nosso palco amanhã,
para dar novo rumo aos 5 sentidos.
Amo-te e todo o teu ser rebenta em mim
os mais absurdos lugares postos a um canto.
Quero ver-te por mim mesmo,
e o céu,
e as ruas onde a noite se perde,
o horizonte numa moldura,
o mundo,
e o sobrenatural a correr pelas veias.
Não sei por onde vagueia hoje a mente, outrora
curvada e colada à pele que sustento contra a força do vento.
Sei apenas que foi nela que me perdi,
foi por ela que disse ter-te amado.
Se o ontem não foi puro
mergulha nos meus braços.
No nosso retrato, só a moldura nos apressa o fôlego.

6 comentários:

Anónimo disse...

De cortar a respiração, mto fixe!

Tangerina disse...

... (sabes que isto diz tudo!)

Anónimo disse...

Fora de série . Não é muito normal pessoas relativamente novas saberem expressar-se tão bem através da poesia , és um excelente exemplo . Acho que me começo a tornar-me um pouco repetitiva , é certo , mas não dou mais da minha interpretação pois cada um tem a sua , não é necessário fazê-la ; além disso , a que conta verdadeiramente é a tua , visto que é a genuia ideia da mensagem . Gosto mesmo de ler estes pequenos excertos , continua a dar a conhecer o teu trabalho . :)

Anónimo disse...

*Acho que começo a tornar-me (...)

Tangerina disse...

não sei bem porquê ( bem ... se calhar sei ... :) ) mas este é um dos textos que não me consigo cansar de ler! ... sim ... talvez tenhas razão ... um livro nosso ... quem sabe?! nada é impossível ... muito menos para nós!
beijo
ópio ...

Anónimo disse...

( era só para desejar os parabéns ao Carlos , como não tenho outra maneira . mas lembrei-me de manhã , a sério . espero que o dia tenha sido impecavel . )