sábado, 28 de abril de 2007

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Madame Chocolatô

Deitou-se o corpo sobre o divã, e
Acordas presa a uma guitarra, preta,
Levada outrora às costas da caminhante,
Imortal soberana do seu mundo de aromas.
Levas a vida como um sopro de um novo ar,
Ainda no bolso afundado, ainda que pronto a ser provado.

Fazes um esboço do mundo no balão
Infinito de pastilha elástica, no mastigar
Guloso e nunca profano, retrato feito com um balão multicolor.
Urge o riso constante e o bem-estar com o nascer do dia.
Espera a noite por ti, só para ver que tu não dormes, pelas
Insónias que os sonhos diurnos te dão.
Regressas ao pecado então brutal, o de saborear a
Essência do chocolate preto,
Doce como o cair da noite, deixando as nuas notas de jazz pairar em teus
Olhos, castanhos como chocolate, o teu ouro negro.

(Nada rima então com o teu nome,
Nada que não peque por ser obsceno,
Nada que seja espelho da tua mente demente,
Num esboço sórdido, és o traço escaleno.
E vendo o mundo como um horizonte pequeno,
Ficas-te então pelos campos de feno.)



Melhor que a arte presente aqui o que mais valorizo é o quão bem me descreves! Gosto imenso de ti, Carlos. Cralos! :)

Fondue de ti.

"Fondue de ti...

O doce desfazer na boca de conversas soltas, de palavras lançadas initerruptamente no ar e do escutar demorado do seu eco no peito asfixiado por uma felicidade e comoção tremendas...
És, em toda a plenitude do teu ser viajante, um novo elo nos eternos cruzamentos que nos trazem de volta a nós e nos fazem percorrer caminhos gastos, em busca de um novo motivo para ser feliz! ..."

Muito Obrigada Lena. Mesmo! Foi das melhores prendas que recebi desde há 16 anos. És realmente importante!

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Perdas


Deixei-a morrer só. Não cumpri a minha simples missão de a manter com um sorriso na cara e agora choro pela sua perda. Não retribui e muito menos agradeci tudo o que fez por mim. Todos os mimos, os beijos, os abraços, as horas gastas a brincar comigo e as histórias contadas. Grito mil desculpas pela ausência e pelo abandono, apesar da sua inutilidade. Enquanto provo o salgado sabor das lágrimas lembro-me das palavras que acompanharam a notícia "Foi melhor assim, ela já não estava bem...". Assim seja.



Desculpe e descanse em paz.



segunda-feira, 2 de abril de 2007

Penumbra ( o traço longo )

As nossas palavras perderam-se.
Fomos onde a noite se perde,
aos pontos de encontro de amantes
mórbidos e sinistros
e não sentimos nada.
Na nossa sala de estar, no nosso
profundo recanto cerebral,
temos lutas a perder,
os olhares indescritíveis dos rebentos
que por desejos deturpados,
focam o olhar no nosso viver.
Sente o frio harmonioso
que pela pele se propaga,
que com a luz do dia explode.
E tudo toma o seu estado sobrenatural,
o estático, com o olhar preso
às tuas expressões teatrais.
Fechas os olhos e passas então
as mãos pela angélica face,
para destruir as gotas de suor que te
dão o mais falso retrato de ti.
Sorri o meu eu, nas profundas entranhas
do meu ser pelo que sei, que nas gotas
de cansaço só vês o motivo para regressar
amanhã.
Quero ver por mim mesmo,
todo o mundo a mudar,
a madrugada do horizonte,
o acordar dos céus,
e quero-te no nosso palco amanhã,
para dar novo rumo aos 5 sentidos.
Amo-te e todo o teu ser rebenta em mim
os mais absurdos lugares postos a um canto.
Quero ver-te por mim mesmo,
e o céu,
e as ruas onde a noite se perde,
o horizonte numa moldura,
o mundo,
e o sobrenatural a correr pelas veias.
Não sei por onde vagueia hoje a mente, outrora
curvada e colada à pele que sustento contra a força do vento.
Sei apenas que foi nela que me perdi,
foi por ela que disse ter-te amado.
Se o ontem não foi puro
mergulha nos meus braços.
No nosso retrato, só a moldura nos apressa o fôlego.