segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Delicias

Retrato de uma princesa desconhecida

Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos
Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino



A grande: Sophia de Mello Breyner



Hoje uma árvore plantada na minha rua há uns 10 anos meteu-se no meu caminho. Fiquei deveras irritada!

Desabafos/Momentos


21 de Fevereiro de 2007

Linger - Cranberries

A vontade de acordar era pouca, mas perante o dia que se avizinhava levantei-me num pulo. Acordei as crianças e já com saudade preparei-as para mais um grande dia. Um dia de criança, com sorrisos, gargalhadas, correrias, carinho e alegria.

11h10’ – A tão custosa despedida! Mais um abraço, mais um beijo, mais uma lágrima a ser presa para não deslizar sobre minha face. Para quando a próxima visita? Depois do despedaçar de um encontro próximo, meus olhos adormeciam num sonho de Verão. Será no Verão o reencontro? Já sinto aquela saudade!

11h45’ – O tão relaxante Metro vinha a meu encontro e embarquei rumo a um restaurante Tibetano. O país já admirado por mim passou a sê-lo ainda mais e a promessa de uma visita ao país das sensações pairou no ar e voou rumo à aldeia dos sonhos.

14h50’ – A Baixa! A zona mais bela da cidade da luz, a grandiosidade de Marquês de Pombal tão entranhada em mim. Um café n’ A Brasileira ao som de uma guitarra aguda e de uma voz rouca. Um momento de admiração e outro de observação. É incrível como as pessoas passam por tão bela Rua Garret e não admiram sua beleza, não olham o Castelo de S. Jorge lá acima nem a diferença de culturas ali presente.

16h10’ – Uma voz com sabor a Milka de Caramelo fez-se ouvir junto de mim. Tão esperada era ela como o respectivo rosto. A conversa de amigos de quatro anos. Desabafos e um olhar de Saudade. A cumplicidade abraçava-nos e beijava-nos a testa, sinal de respeito. A praça parecia pequena para nós e o rio não era mais que um contador de histórias. Os carros que passavam eram como pedras num país de famintos: passavam despercebidos. Os planos e as declarações ocultas esquivavam-se entre os outros temas de conversa e o tão perfeito passou. A promessa de um próximo encontro permaneceu em mim, esta não voou para a aldeia dos sonhos, porque a espero para breve. Só faltou um abraço. Aquele abraço.

17h55’ – Inter-Cidades rumo Coimbra, com destino à rotina e à saudade. Afinal, Coimbra: Terra da Saudade.

Dia bom, este! Lisboa, cidade da Luz com sabor a Chocolate de Leite com Avelã. Dá gosto trincá-la!



La Noyée – Le Fabuleux Destin d'Amélie

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21 de Fevereiro de 2007



Manhã (não sei ao certo a hora… mas deve ter sido pelas 11) – Recebo a tua mensagem, que me tira da cama… relembrando me que deveria ter ido às compras de manhã… Começa bem !

13h – Perdido num hipermercado… à procura da secção dos conservantes… de blazer vestido a fazer figura de palhaço que já me é habitual. Trocando sms’s contigo só me ia deixando mais nervoso ainda … a hora estava a chegar… e eu para variar estava atrasado, a coisa estava preta para o nosso herói...

15h – Dentro de um Smart Forfour que mais parece uma melancia (Verde por fora , vermelho e docinho por dentro ) … a caminho de casa… a fazer companhia a minha querida e adora Mãe que por mero acaso decidiu fazer tudo no dia em que ia ter contigo… aquando da tua mensagem, estremeci!! Disseste-me que apenas estaríamos juntos uma hora… cada vez mais perto, cada vez a fazer maiores estragos

15h 40 – Saio do carro e começo a correr para casa… carregado com vários sacos de compras nas mãos, chego ao número 52 da famosíssima Rua dos Baldaques, casa do herói desta história, e pondo os congelados no frigorifico, corro para o banho…

15h45 – Banho tomado… « André… » “lia-te” cada vez mais ansiosa… relaxa… estou a caminho !... A minha querida mãe chega a casa e chama me para carregar o que falta das compras… mas pronto.... lá despacho a coisa e desato a correr para o metro da Rua Morais Soares…

15h50 (Destino: Baixa-Chiado) “É só para te dizer que já estou no metro” , senti que devia tranquilizar-te… estava a estragar demais a tarde e tinha que recuperar os danos... mas pela voz pareceste-me bastante calma… ainda bem.. estava quase, minha querida !

16h10 – (Baixa-Chiado) Ao sair do metro, olho para todos os lados… e lá estavas tu, a olhar para « A Brasileira » a mexer no telemóvel… (Linger-Cranberries, estava na minha cabeça.... tinha passado o dia a cantarola-la e aqui estava o porquê, enquadrava-se perfeitamente no que estava a ver, sentir e a imaginar...) ainda que não soubesse quem tu eras percebia-se que estavas a transpirar a ansiedade de quem espera alguém desd’as 14h50 (Peço te perdão pela milionésima vez) Lá ganhei coragem de herói e fui de encontro a ti… e pronto ! O encontro… já esperado há muito, muito tempo…


(das 16h10 às 17h40 o nosso herói passou momentos que são indescritíveis...optou assim por guarda-los somente no seu coração... quem lá esteve sabe como foi bom..)

17h40 - Já te foste, malandra… lá vou eu a passear pela Baixa… aquela que nós consideramos a zona mais bonita da cidade… foi tão bom passear contigo… quero que voltes… e quero perder a vergonha e dar te o tal abraço, e esperar que dá próxima vez eu não estrague o que podia ter durado mais umas 2 horinhas!





Os dois lados de algo já há muito esperado.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007


Tu, cidade que nas minhas costas
sopra sobre as colinas de areia,
grão após grão.
No adeus breve não te mostras diferente.
Tu, que meu amor fez esquecer
como se de grãos de areia se tratasse.
O amor, na mudança de planos,
não tem lugar neste quarto,
longínquo de tudo o que é meu.
Tenho novos planos para fugir,
que já traçados,
me prometem o paraíso,
a mil anos luz daqui.

Longe, amar-te de longe,
sentir-te longe
e suficientemente longe para
agora me sentir bem.

sábado, 17 de fevereiro de 2007

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

CLOSER













A proximidade de dois corpos, eterna.
Uma nova vida na sua estaca zero
ao ritmo dos caprichosos passos femininos de
encontro ao cómodo caminhar oposto.
O inocente desviar de olhar,
o sorriso que acidentalmente se solta.
O prazer do estranho.
"Olhos de mongol" - a expressão que traduz
a empatia no acto de conhecer outro alguém,
e quando na troca de palavras é forçosa a
energia no olhar, uma ligação inexplicável.
Nunca um conjunto de palavras assentara tão
confortavelmente no decorrer dos sucessivos segundos,
o olhar que poeticamente não tem definição.
E é como se o amor estivesse no olhar,
no desejo, na posse carnal e infernal.
E de repente, a queda de um corpo,
o acidente doloroso. O explodir no silêncio.
Sem conhecer o mínimo pormenor do teu ser,
temi por ti.
Corri pela tua sobrevivência.
Como que no meio de um ternuroso sonho,
como se já fossemos algo,
amámos o estranho.
Então engoli o respirar sem fôlego.
Viva de novo, sorris.
E pela primeira voz, o soar da tua voz:
"Hello Stranger". Amámos o estranho e soube amar-te


(este poema passa pela tentativa de descrever isto: http://www.youtube.com/watch?v=cDL8juJ5uBc
...mas não consigo)

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Desencontros

Procurei-Te. Estavas lá, eu sei que sim, mas não consegui ver-Te. Tentei... Olhei para todo o lado: para a rua iluminada, repleta de gente a sorrir e a conversar animadamente; para aquela cheia de carros e de rostos apressados; a outra que tinha um ambiente familiar com vasos nas varandas das casas também me chamou à atenção, mas também não estavas lá; por fim olhei para o beco escuro onde apenas se via a sombra de dois corpos entrelaçados e um outro ser jogado a um canto e também não estavas lá. Mas porquê? Porque não Te vi eu? Porque não Te senti? Desesperada corri para casa e, à janela a ver a paisagem sobre o rio, uma vontade louca de um delicioso chocolate quente invadiu o meu cérebro, então fui fazê-lo.



Ao beber o chocolate e contemplar a calma paisagem, apercebi-me que apenas olhei. Por isso é que não Te vi!