segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Delicias

Retrato de uma princesa desconhecida

Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos
Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino



A grande: Sophia de Mello Breyner



Hoje uma árvore plantada na minha rua há uns 10 anos meteu-se no meu caminho. Fiquei deveras irritada!

3 comentários:

Anónimo disse...

ui! Sophia de Mello Breyner!!

k lembrança! :)

beijos pah!*

Anónimo disse...

Muito bom

Anónimo disse...

Fixe!