quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Devaneios





É preciso um povo que mais ordene. É preciso luta. É preciso...!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Quero vozes que não a tua na minha cabeça


Mostra-me que história frouxa queres que te conte antes de partir. Somos o propósito em falta, a irmandade que renegamos ou a arte que distanciamos por não ser tão nossa assim. Temos vingança servida em pratos de oiro em chama e marcas no corpo que me lembram de onde vim. “Tudo o que fiz foi por não saber tentar”, disseste-me. A plateia esbanja aplausos e rosas brancas de plástico em riste, num beijo final que esperam e que não lhes queremos dar. Há paredes feitas para não quebrarem. Fecho os olhos sem cair, deixo-me à mercê de uma casa que não é minha, onde ninguém adormece. Não vale a pena a noite ou outra tua vontade. Sonhar é somente parte de um nascer que tenho por cumprir. O nascer do sol nas pontas do meu cabelo fúnebre é pouco, o subir da lua na ponta dos meus pés pesados, menos ainda. Qualquer truque de magia é bluff, o “talvez nunca te veja mais” é o começar de uma história minha por escrever… Não é por ti que espero quando te digo estar à espera, não é a ti que amo quando digo não haver amanhã. A nossa história não foi feita para ser escrita assim. Não te amo. Ponto final.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Hora Maldita

Sentei-me no escuro, na palma da minha mão. Com a máquina de escrever pela frente, parei de brincar e abri os olhos. Fiz pouco barulho ao bater com as portas de raiva, tive medo de te acordar, um piso abaixo, só um piso abaixo. Ando em palmas de pés até à janela e vejo pouco mais que a tua luz acesa. Encosto o ouvido ao chão e não te ouço respirar pela madeira podre.
Tenho vozes na cabeça e pouco me resta senão que gritem. Quero ter vozes na cabeça e saber de quem falo quando te digo que te amo. Elas não falam mais comigo, senão por mais um pouco. Volto à máquina de escrever e puxo pelo primeiro resto de voz. Hoje, não falar, é crime. A noite vestiu-se para me ouvir cantar sobre a alvorada por acender. Larga-me a mente e sou tudo menos meu. Tenho as palavras pelo gosto à vontade e o desejo de uma prosa melhor que esta. Acordei a cidade, amar-te era demais para só eu saber.
Adormeci sobre o peito e acordei a dançar sobre a mesma madeira, espreitando pelas mesmas portas e vestindo a mesma noite de ontem. Precisava de escrever uma carta de amor à luz desta lua. Ela esperou por mim e eu não notei. Não notei.