Põe-me no meu lugar, onde possa
dormir o meu sono da meia-noite.
Mas não deixes entrar o vento com força,
antes que me faça tombar borda fora da nau
que parte rumo à terra-mãe
entre espaços brancos, pontos cegos do mapa.
O céu tem ponteiros que esmagam
estrelas cadentes que mergulham
no meu copo de vinho com vista para a já nascida lua nova.
Dito as palavras gastas, profano dialectos de outro poeta
para que a voz rouca se entregue na sonolência
de uma noite sem cheiro próprio.
Daqui vê-se o mundo, o ponto de partida.
Calcas o chão com os pés húmidos
e e eu não te vejo, a imaginação dá-me frutos
que não quero no meu prato.
A cidade dá-me sombras que me parecem as tuas,
a imaginação que evoco é o meu único ponto fraco.
Tenho saudades da carne que nunca te provei.
Sei sentir a falta da fatalidadede um amor a sangue frio.
Volto ao grau zero e sonho com o teu abraço,
munido de um relevo acentuado que nem
espadas num beijo de boa noite.
.
.
Olha-me nos olhos,
jura pelo nosso amor
e mente-me,
diz que nunca me traíste.