sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

retrato

Não é por ti que o mundo gira assim,
É acaso dos cosmos esta arte errada.
Desde que nos encontremos na certeza
De um outro qualquer revirar de mundos,
Ver-me-ei nascido em riste de novo,
Em casa, como nunca.
Há cartas de amor que se escrevem
Na inocência de ser por ser,
De amar por querer tentar de novo.
Mas há caminhos que se tomam por
Nossos quando redobramos esquinas,
E esquecemos que quem vem atrás nos
Segue às cegas.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

The Lighthouse

Faz de uma folha um barco
De papel e traz-nos de volta.
E eu, um dia mais tarde, encontro-te.

Um dia, hei-de ver virar o mundo à
Volta dos meus olhos castanhos
E encontrar-te aqui.
.Tenho medo de não vir a saber
Porque me amas em segredo,
Ou porque me agarras assim.
.Hei-de ser fogo e nunca ter papéis
Ou rascunhos para me lembrar do teu sorriso.
Ele é tão estranho quanto tu.
Mas eu prometo, amor meu de um qualquer dia,
Há-de nascer a lua em que te peço desculpa
Por não saber quem sou quando no teu templo
Feito de papel em branco por rasgar.
Até lá,
O mundo que me escorra por entre os dedos,
Que eu nunca hei-de dizer que é amor o que me faz
Amar-te.
...
hei-de ser pó até,
a terra húmida cor de barro.
hei-de ser a distância
de um mundo ao outro
e quem te espera num lado errado
dum universo por inventar
.
(foto por: Ricardo Cabrita)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

dois

Chora-me sangue pela arte
E filma-te a ti mesmo de
Um ângulo impossível.
Eu, por mais que fundo no frio
Dos teus gélidos sonos,
Deixo a madeira morna contra a
Pele suster-me o fôlego
Preso por um fio de lã negra.
Não me contes o final,
Sei que por debaixo desse
Timbre forçado há algo
Capaz de me agarrar pela
Mão e sombrear a violência
A preto puro no meu corpo.
Imagina-me corpo táctil
E dá nomes aos meus medos
Sobre a tela riscados.
Arte não é mais que um jogo sujo.
Arte é o meu jeito de
Ser desfeito no teu
Contar de histórias bizarras.
.
(inspirado num universo Lynch a descobrir...)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

um

Não sei ter medo de mim
Senão no escuro ou sozinho.
Não sei falar de ti
Sem dizer que te amo ou
Sem inventar mais uma outra qualquer fobia.
O homem é um bicho estranho,
Na sua letra minúscula e nas
Reticências de um amor seu por terminar.
Não sei o que faço perdido nos lugares
Do teu sorriso que me é estranho,
Mas não me ouvia dizer “amor”
Há tempo demais,
E por mais noite que sobre
Quero-te, agora e por um pouco mais.
.
Debaixo desse batom,
Vejo para além do escuro
Que tens vontade de me querer.
É um jogo estúpido,
Mas gosto de te amar
E sair a perder.