sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Chocolates sonoros

"A cidade está deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoente da loucura!
Ora amarga! ora doce!
Pra nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura!"

Ornatos Violeta, Ouvi Dizer.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Momentos

S
Sa
Saudade
S
Se

Segurança
S
Si

Silêncio
S

Solidão
S
Su

Suspiro.

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

"My Hero"

Quis sentir a liberdade no seu corpo, o vento na sua cara e o doce sabor de um beijo nos seus lábios aquando passeava na rua. Imaginou-se envolvida em braços que a aqueciam e confortada pelo carinho trespassado. Quis confundir-se, espalhar-se, desaparecer, como o fumo proveniente do cigarro que acendera enquanto caminhava pela calçada portuguesa. Quis ser criança, brincar com as pombas que divertidamente andulavam pela praça, andar pela calçada sem tocar nos paralelos pretos, saltitando, rir até não poder mais, arrancar flores dos canteiros com o olhar de desafio e cheirá-las. Quis sentir a liberdade no seu corpo. Quis ter os gestos certos para o tempo que a abalava e é assim que surge Um simples gesto de mão...Um adeus, na sua aparência tão simples, no seu íntimo ocultando algo cuja complexidade ultrapassa a própria Razão. O acenar da mão, um olhar vazio, um novo desafio, uma nova reviravolta na vida do viajante. A dor de ver partir velhos amigos. A dor de sabermos ter cometido erros gravíssimos para com os mesmos. Ter-nos-ão realmente perdoado? Dói tanto, vê-los partir com o nosso retrato, cuja perfeição a poeira e a sujidade do caminho mancharam.
O comboio da Vida não pára nunca. A dor de ver partir grandes amigos, de deixar inacabado algo que nos completa, apenas porque o comboio nos destinou caminhos e paisagens diferentes. A dor de ver partir o amor, que seduzido por novas paragens e estações, nos deixará combatendo a solidão na nossa carruagem, agora fria e escura, uma serenata a uma ilusão quebrada. O alívio de ver partir os inimigos, que de tudo fizeram para nos estragar o prazer da Viagem. Um gesto tão simples diz tudo isto. Um gesto tão simples e no entanto, tão complexo. E quando o comboio parte na sua derradeira Viagem, acenamos, acenamos, gesticulamos, mas sabemos que tal nunca será suficiente para libertar os sentimentos, que servirão de combustível na nossa última Viagem.
E nas suas palavras... por entre as suas doces palavras: "à medida que o comboio avança também o ritmo do meu coração agita o meu regresso. Pela falta de palavras fiquei e na necessidade de dizer adeus aos que me são mais, emiti o tal gesto. O agitar da mão na janela mostrava a minha pele flácida e gasta pelo passar do malvado tempo. Não podiam haver as falhas do passado mas sempre lá estiveram relembrando o puro ser da sua razão. Como que em câmara lenta, Vejo todos partir a par do passado. Como que num relâmpago de imagens sucessivas, vejo o cheiro do nojo, o gosto da empatia nula, a frieza do partir e a dor do morrer. Passam rápido pelo meu olhar ausente, pela escuridão do meu fechar de olhos, deixando a noção de todo o império de areia que deixei no caminho para cá. Um ano, nada mais. Dou-me um ano para me ver morrer no leito da cama fria e da ferrugem aterrorizante, no meio do cheiro a mofo e no calor do vazio. É sempre o pânico que nos sufoca com a ausência da dor física. Pelo escorrer do sangue, um lutador perde a sua dignidade e faz crescer sua razão de existir. Pelo sangue que não fiz derramar e pela saudade que não fiz ninguém sentir, parto para um outro lar. Sei que ninguém chora pela minha partida mas ao soar da corrida frenética da despedida, senti o impulso macabro de agitar a minha mão como símbolo da ausência. Não houve um "boa viagem", mas certamente que os que me vêm agora surgir noutro espaço, me desejam algo mais que o acabar da caminhada. Uma mão, nada mais. Um adeus e muito mais por dizer. Acabou-se o amor mútuo. Demos um fim ao nosso amor. Dei a mim mesmo uma nova noção do espaço e do tempo. Vê se tu mesmo não te perdes em teu mundo. Eu perdi-me nas ruas apertadas do meu, no sufoco do ar irrespirável. Perdi-me no seu sossego arrepiante. Por isso parto hoje. Seguido apenas pela minha sombra, passeio rumo ao futuro que me espera. Sair da monotonia, das minhas escassas capacidades, renascer. É tempo de renascer! Deixar um outro mundo com a sua religião, com a fé restante. Sabe bem o soltar do pesadelo interior que nos aplica a gravidade e que nos prende ao chão. Mais que expressões, mais que o tempo, mais que um lar, o meu herói caminha. "Morreste meu amor...". Foi de ti que parti, de um passado onde morreste meu anjo. Amo-te e só tu sabes o quanto. Espero que entendas o meu partir... amar-te e já não saber como. Espero que seja este o meu final feliz. Deixa-me aqui ficar e vai andando...eu apanhar-te-ei como sempre.".
Texto elaborado por: Lídia, Carlos e Dalila

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

momentos



Apetecia-me chorar. Procurei um filme e escolhi " O Piano ". Pensei que talvez fizesse esta alma, que muitos julgam fria, jorrar lágrimas. E assim o fez. Não. Não foi o primeiro filme que me fez chorar, nem vai ser o último. Mas foi certamente o único filme que me fez levantar do quente do sofá, abrir a janela e contemplar o frio da noite. À melodia da música inicial do filme juntou-se o som das folhas a esvoaçarem pela rua. Uma aqui. Uma ali. Olhei para o fundo da rua e chorei mais um pouco. Depois, lentamente fui levantando o olhar em direção ao céu, julgando estar nublado. Estrelas. Foi o que vi. Estrelas como aquelas que vira em momentos saudados.






Depois apareceu um carro e quebrou toda a perfeição da noite.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

delírios II


Peguei na guitarra. Desliguei a televisão e apaguei a luz. Na sala escura toquei algo para mim mesma, para o meu interior, para o meu passado, para o meu presente e para o meu futuro. Reparei que a música que tocava tinha um significado e uma importância imensa no passado, que o significado tinha mudado mas a importância não. Pensei no passado. No quão importante era para mim, no quão preenchido é. Olhei para o presente. Tão diferente, tão... arriscaria a dizer distante. É a tal coisa "São carris que me prendem à velha casa onde tudo é igual.". Parei de pensar. Parei de olhar. Apenas continuei a tocar...

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Passagens


Ontem estava a vir para casa, quando a vontade imensa de me descalçar me invadiu o ser. Precisava de sentir o alcatrão molhado juntamente com o frio e o desconforto.

Não o fiz.

Não sei se por vergonha, se por medo, se por preguiça. Mas não o fiz...

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

delírios

Escuridão
Ela temia algo tão puro
como a escuridão.
O vazio tão carinhoso,
o vácuo tão especial
o escuro tão poderoso.
Ela chorava,
não conseguia apreciar.
Ela gritava
na ânsia de compreender
o tão assustador
escuro.

sábado, 2 de dezembro de 2006

Introduções

Durante 15 anos fui uma pessoa demasiado comodista (e preguiçosa!), devo confessar. A ideia da mudança, da alteração, do deixar algo para trás e do começar de novo sempre me inquietou, mas há alturas em que se justificam tais mudanças e hoje, largo as minhas instalações no meu fotolog e mudo-me para aqui por tempo indefinido.

O meu objectivo é não só dar a conhecer um pouco de mim como também escrever para alguém (que pode ser o belíssimo objecto denominado computador).

Aceito sugestões, críticas, elogios e palavras amorosas (principalmente estas!!!) .