sábado, 17 de maio de 2008

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Foi ver cair, pedra a pedra o abraço apertado de quando ainda tínhamos tempo para nos vermos nos olhos um do outro. Foi crescer a passos de mil palmos de mãos. Era tarde agora, hora de não ouvir ninguém. Era tempo de dar a mão fechada, de deitar tudo a perder por outra saudade. De deixar no trilho de terra atrás o passado bordado a ouro, de nos deixar a nós mesmos, a meio caminho. De deixar sozinho o corpo feito, a obra-prima de ser pequeno e de deixar nos braços certos o inventar de uma outra cor. E pedir que guardes tu o que nas minhas mãos não cabe. Guarda tu este chorar, este pedaço de pele pisada debaixo. Guarda-o ao peito, para lembrar. 


  "Na véspera de não partir nunca  
   Ao menos não há que arrumar malas  
Nem que fazer planos em papel...
Todos os dias é véspera de não partir nunca" 
Álvaro de Campos 

Choco--late

(adeus , boa viagem)


3 comentários:

Anónimo disse...

guardarei! adeus, adeus com mais um estrondoso texto digno da sua tarefa, todos estes ultimos :)

Jesus Christ disse...

És grande Carlos... Já te disse, este é um grande texto, não é apenas so mais um com a tua assinatura. Embora desde que comecei a ler os teus textos achei que todos eles eram fantásticos. Tens um dom Carlos... so tens de o aproveitar. Fica bem.

AF disse...

Olá!
Confesso que já ca tinha vindo ler os teus textos, já no começo do ano quando puseste o link no nick, só nunca tinha vindo comentar.
Comentei hoje:), depois de ler o estupendo texto. Escreves mesmo bem!

Ps-também tenho um blog, q não uso muitas vezes. Mas está adicionado este blog*


Beijo,
Adriana (turma)