domingo, 11 de novembro de 2007

Caixas de Fósforos

Procuro na intensidade do teu olhar um segredo. Tento abrir os mil e um cofres que te recusas a mostrar-me na esperança da verdade que quero ouvir, da ilusão que tomo por certa na ânsia de alimentar os meus podres e grandiosos sonhos. Passo a minha mão pela tua num gesto discreto, figura leve, para te sentir, o teu calor, a tua suavidade, o teu mistério. Sim, cheiras as mistério. O perfume que emanas leva-me à dimensão de três portas (aquelas três malditas portas). O teu odor percorre-me e é tão suave que não consigo evitá-lo. Não consigo evitar o que sinto. Toda esta estranheza e novidade são tão típicas do meu nada que o sonho não é mais um sonho. É o nada fruto da minha imaginação. É, e será coisa nenhuma, porque ao nada nada pertence.





"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."
Fernando Pessoa

6 comentários:

Anónimo disse...

a ultima frase é fantástica Dalila! :) já tinha saudades de ler umas palavras tuas. beijinhos

Anónimo disse...

És nada e por isso és tudo
o momento do salto quando se aterra no céu ou se cai no abismo

Oh Dalila, é tão bom ler um texto teu!!

Adorei, mesmo!! :)

Anónimo disse...

Pessoa...

Melhor influencia para ti nao podia haver.

Adorei o texto, continua a escrever!

Tangerina disse...

Sou um nada, do alto do meu castelo de cinzas... vivo num jardim inexistente e expludo de matéria nenhuma.

Lídia disse...

Lindo! :D

Deixa o teu sonho tornar-se tudo^^

Gosto imenso de ti, pá*

Anónimo disse...

Voltamos às caixinhas :p