quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Naufrágio

Desajeitado,
Sinto-me,
Enjoado,
Num barco
Navegando.
Deriva
No tempo,
Espaço
Ou tempo,
Não espaço.
E o barco,
Enquanto navega
Pelas dores
E desamores
Ou amores,
Enjoa,
Desajeitado,
Como quem sente
Uma casa
Na ilha.
Lados,
Ângulos,
Procuras,
No espaço.
Gritar,
Calar,
Por gosto,
Por medos.
Medos
Nos sapatos
Rotos,
Com ratos,
Roendo os
Dedos,
No convés
Do barco,
Enjoado
E desajeitado.
A casa
Do tempo
Na ilha
Gemendo
De gritos,
Gritando,
Girando,
Perdido.
Perdido na casa
Do barco
Enjoado
E desajeitado,
Temendo
Pelos desamores
E dores
Doentes
Da doença
Da casa
Do barco
Enjoado
E desajeitado.



(imaginação retirada de Molero: www.oquedizmolero.blogspot.com)

2 comentários:

chocolate disse...

Cheira a Pessoa.

Num estilo diferente, mas gostei! :)

Anónimo disse...

Maravilosa a maneira como o texto tao bem nos transporta a um enjoo no barco, a uma confusao (ou afluxo talvez melhor dizendo) de pensamentos ritmados pelo balançar do texto que é o balançar das ondas no barco. Todas as analogias e metaforas possiveis, e o promenor dos sapatos rotos e os ratos, tão...fixe ?
Gostei bastante :)