sábado, 3 de maio de 2008

Autoretrato 9 horas da noite 3 de Maio de 2008

São treze mil trezentos e quarenta e sete passos
Que se dão do meu riso ao teu abraço mal dado.
E o túmulo de um beijo de que nunca chegou nada
Fica, até ele, a menos tempo da viagem.
Fica pelo caminho, aliás, esse Inverno pálido de neve,
Translúcido de doença, fica a palmo e meio de voltar.
E ai de quem volte.
O caminho fica por entre um Norte 
Apontado de mão tremida, e um Sul tirado à sorte,
É incerto esse lado-nenhum de toda a gente.
O meu caminho será outro.

Na minha história pequena, 
O caminho fez sempre parte
Do rumo que a chuva vinca 
Na terra mal presa.

6 comentários:

Anónimo disse...

Este texto está qualquer coisa de brutal, mesmo adorei, adorei este, mesmo!

Lima disse...

treze mil trezentos e quarenta e sete - um número como outro qualquer e ainda assim único para alguém (:

Tangerina disse...

Queria dizer adeus... porque afinal foi aqui que tudo começou... a minha penumbra morreu, uma parte de mim morreu com ela.
acabou...
nao tenho saudades do que nao teve lugar.fico feliz e triste pelo que passou e fervilho por dentro por um amanha onde SOU e onde o prolongamento do meu ser se perpetua.

até amanha ...

Joaquim Salgueiro disse...

Não porque o ache fantástico, não porque venha gabar, mas sim porque acho que a perfeição foi atingida (:

Lídia disse...

Desculpa a minha prolongada ausência da secção de comentários. Mesmo. Mas não sei o que hei-de comentar na maioria das vezes sem me repetir. E correndo o risco de me repetir pela enésima vez, comento: Está fantástico, como sempre.

E agora passo aquele bocadinho que mais me fascinou, como sempre faço: "O caminho fica por entre um Norte
Apontado de mão tremida, e um Sul tirado à sorte" Simplesmente genial*.*

Eduardo Andrade disse...

E bom ler o que sentimos. Escrito assim parece até nos conforma-mos.
Citei em http://pancadariaoanoitecer.blogspot.pt/2013/05/autoretrato-9-horas-da-noite-3-de-maio.html. Saudações, quanto mais não seja. literárias.