terça-feira, 29 de abril de 2008

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Se ao menos pudéssemos chorar de novo e limpar as lágrimas menos nossas, os nossos braços dar-se-iam para nunca largar. Mas não se chora assim. O choro é o peso que um abraço de adeus deixa em nós. O choro é um gesto que se esconde numa saudade qualquer, para não mostrarmos do que somos feitos afinal.

Prospero em pontas de pés para te tocar na ponta dos cabelos à noite pardos. “Faltou-nos tudo para ter tudo a perder.”, inventei. Fomos o triz, um amor, o quase, um retrato romântico fantasiado, para o qual olhámos sem nos vermos, traçado na cor do meu desdém.

Não sei amar mais, meu amor. Deixei o tempo tomar conta dos passos fundos no trilho de terra, 

e perdi-me à ida. 

Deixei esquecer que te amo e que não se ama assim, 

a cinzento-escuro. 

(num bloqueio criativo)

2 comentários:

Anónimo disse...

Fogo, mesmo num bloqueio criativo, tens aqui frases que são verdadeiras gotas salgadas choradas por Deus.

Anónimo disse...

amar a cinzento-escuro (vou ficar a pensar nestas palavras)