terça-feira, 3 de julho de 2007

Selling the soul

Eu estava escondida. Abusei da escuridão e observei-te de longe. Ousavas esfaquear aquele sujeito, que dava pelo estranho nome de Amor. Via-se vermelho nos já gastos lençóis. Seguraste um cigarro no canto dos lábios e acendeste-lo com o fogo adormecido a teu lado. Olhavas com um falso desdém para a noite passada, tentavas em vão diminuir a dor do teu reflexo. O medo apoderava-se, aquele medo de não poderes fugir de ti. Mesmo assim, olhavas-me do alto desse estrado, demonstrando toda a altivez que já te era intrínseca, como havias mudado! Descobriras-me. Odiavas-me com todo o teu ser e procuravas-me culpar pelo teu fracasso, pelo teu adultério, pelo teu plano falhado. Acabaras de arranjar alguém em quem depositar todos os esquissos de mapas. As alturas em que me olhavas cego de raiva, contrastavam com as que me olhavas com aquele olhar ameno. Encaravas a felicidade como uma utopia, quimera inalcançável. No entanto, em todos os recantos desse teu espécime, bússolas procuravam a incessante estrela. És uma contradição de ti mesmo. A insanidade apodera-se de ti e deixas-te dominar por completo. As fortes amarras deixam-te marcas notórias, semelhantes às por ti deixadas no chão. Sim, deixaras cair sangue… Mesmo assim cheguei a horas de te abraçar, de dizer que pode ser de outra maneira. Recebemos a tão ambicionada dádiva, deram-nos o tempo que precisávamos para limparmos todos os indícios do que se havia passado naquela escura noite. Fizemos o crime perfeito.



[Chocolate e Volcano]

3 comentários:

volcano disse...

É sempre uma prazer trabalhar consigo :D

eheh

Beijinho *

Anónimo disse...

Ui, muito cooool mesmo, prabéns aos dois!! Fez-me lembrar Sin Citty, vá-se la saber porquê :D

Anónimo disse...

Percebe-se quem é quem a escrever, sem as cores. Bom jogo de palavras! Apesar de não conseguir entender muito bem o texto, penso que está aí qualquer história por trás, nem sei. Soa-me bem.