sábado, 19 de abril de 2008

paranóias


A saudade aprende-se, faz parte de nós aprendê-la. Deixá-la correr os pontos feios do corpo mal esculpido, é uma arte que devagar se vence. Eu sei sorrir num gesto feio, mas nos teus olhos não me vejo, e não sorrio. Sabe a sal esse cabelo negro, esse timbre insonso preto escarlate, esses lábios mal maquilhados pela chuva desperta.

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Chamo-me nuvem, se num poema pequeno. Tenho o sabor de uma avelã arrancada da raiz de um sabor satisfeito. E sou o que quiseres, porque me inventei assim. Dou-te a mão fechada e dou por mim a ver-te procurar-me dentro do meu gesto. Mas não me encontras. O meu corpo tem um preço que só a ouro se vende. Sou a puta da loucura, meu amor. 

E nunca, nunca aqui estive. 
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1 comentário:

Anónimo disse...

Curti o texto, está mesmo muito fixe, mas numa onda tãooo melancolica.